O agrónomo Fernando Pacheco afirmou que num universo de 5.858 empresas agrícolas, apenas 4 por cento recebe crédito bancário.
Ao dissertar sobre o tema “Desafios e oportunidades na cadeia de valor da agro-indústria em Angola”, num fórum sobre Economia e Finanças, realizado, na terça feira passada, Fernando Pacheco referiu que este facto leva ao questionamento sobre a possibilidade de se encontrar o caminho adequado para a diversificação da economia apenas com base no sector empresarial privado.
Os dados apresentados constam do Recenseamento Agropecuário e Pescas (RAPP) que aufere que destas apenas quatro mil e quinhentas estão legais, 57% usam tractor, 63% usam fertilizantes e 33% beneficiam de assistência técnica.
Outro dado apresentado pelo agrónomo é que 66% da terra cultivada em Angola é trabalhada com instrumentos manuais e isto, no seu entender, constitui “um desafio mas ao mesmo tempo é uma oportunidade”, na medida em que o investimento na mudança deste panorama pode mudar radicalmente a situação do país.
Quanto à produção do milho, Fernando Pacheco fez saber que a produção no país é a mais baixa da SADC e uma das mais baixas de África, o país colhe apenas 800 quilos por hectare, exemplificando que na vizinha Zâmbia se fala de quatro toneladas por hectare com produtividade média.
Continuou, mesmo mantendo os seis milhões de hectares cultivados, se conseguirmos melhorar a produtividade, passando dos 800 quilos para quatro toneladas por hectare, vamos sair a ganhar.
Fernando Pacheco defendeu ainda que o país precisa acabar com a falsa ideia de que Angola tem solos muito férteis.
“O solo angolano é pouco fértil, muito ácido e com pouca matéria orgânica e esta situação pode ser melhorada com investimento equacionado, para a produção em grande escala”, disse.
“Se pensarmos que dos seis milhões de hectares de áreas semeadas no país conseguirmos fazer a correcção, incorporar calcário para baixar o nível de acidez, que para o efeito são necessárias em média 4 toneladas de calcário por hectare. Portanto, para um milhão de hectares, ou seja, um sexto da área que é cultivada seriam necessárias 4 milhões de toneladas de calcário”.
Fonte: Jornal de Angola