O BNA reviu em alta a taxa de inflação ao cômputo de 2023, para o intervalo entre 12 e 14 por cento, na reunião do Comité de Política Monetária (CPM) em que, ontem, manteve inalterada a taxa básica de juro em 17,5 por cento.

O BNA reviu em alta a taxa de inflação ao cômputo de 2023, para o intervalo entre 12 e 14 por cento, na reunião do Comité de Política Monetária (CPM) em que, ontem, manteve inalterada a taxa básica de juro em 17,5 por cento.

Em declarações à imprensa, no final da 112ª Reunião Ordinária, a primeira a que presidiu depois de assumir o cargo de governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias atribuiu a revisão, que eleva a meta de inflação da previsão inicial de 11,1 por cento,  ao efeito da depreciação recente da moeda nacional.

Numa outra decisão, o CPM manteve a taxa de juro de facilidade permanente de absorção de liquidez para cerca de 13,5 por cento.

Segundo esclareceu, a medida é sustentada pela pressão da inflação motivada pelas alterações registadas no actual quadro macroeconómico, com maior realce para a redução das receitas de exportação e a depreciação da moeda nacional.

Estes indicadores tiveram, também, impacto sobre os preços das expectativas geradas em torno da redução dos subsídios ao preço da gasolina, bem como, os constrangimentos resultantes da reorganização da venda ambulante.

Manuel António Tiago Dias sublinhou que, o Comité de Política Monetária decidiu flexibilizar o mecanismo da Taxa de Custódia, sob o excesso de liquidez dos Bancos Comerciais junto  do BNA, cuja operacionalização será objecto de regulamentação específica.

Por um lado, o governador explicou ainda que no  que toca ao contexto internacional continua-se a se observar a trajectória descendente das taxas de inflação nas principais economias, como resultado do efeito conjugado da orientação restritiva da política monetária dos Bancos Centrais, e da redução dos preços das commodity energéticas.

” Apesar da desaceleração da inflação persistem lições no curto prazo, facto que  justifica a tendência de aumento das taxas de juro, isto relacionado aos  mercados internacionais”, frisou, destacando que,  o  actual curso, das políticas monetárias nas principais economias do mundo vem afectando adversamente a actividade económica, sobretudo, nos Estados Unidos da América e na Zona Euro, com destaque, para a produção industrial, o que coloca em risco as projecções de crescimento económico mundial.

Nestas perspectivas, o gestor disse que em relação aos mercados das commodities energéticas observou-se uma redução no preço do petróleo fruto da fraca procura, o que fez com que a OPEP decidiu estender os cortes de produção, a que se adiciona o corte unilateral declarado pela Arábia Saudita até final de 2024,  com objectivo de assegurar a estabilidade dos preços.

Base monetária

No domínio monetário, o governador do BNA informou que a base monetária em moeda nacional registou uma contracção em termos mensais acumulados e homólogos de 3,61%, 5,42% e 0,96%, respectivamente.

No agregado monetário, a moeda nacional contraiu 2,36% em Junho deste ano, reduzindo a variação acumulada desde o início do ano, para 3,17% e a homologando para 6,57%.

Contas nacionais

Com relação às contas nacionais, o governador do BNA realçou que, de acordo com  dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o Produto Interno Bruto (PIB), no primeiro trimestre, apresentou um ligeiro crescimento em termos homólogos de apenas   cerca de 0,3 por cento, inferior ao do trimestre anterior, em que se fixou nos 2,6 por cento.

O desempenho abaixo do esperado deveu-se à redução da produção petrolífera em cerca de 8 por cento, não obstante ao crescimento de 3,1 por cento registado no sector.

Com relação à inflação mensal, segundo avançou, em Junho deste ano situou-se em 1,41 por cento, tendo observado as maiores variações nas classes dos Transportes com um registo de  2,71 por cento, Saúde (2,8), Vestuário e Calçado (1,53), e na classe  da Alimentação e Bebidas não alcoólicas (1,46).

“No que toca às contribuições, a classe da Alimentação e Bebidas não alcoólicas continua a ser a mais representativa ao contribuir com 0,85% correspondente a 60% da inflação observada”, sublinhou, tendo destacado que, como consequência a inflação homóloga ficou-se em 11,5%  um acréscimo de 0,63% em relação ao período anterior.

Fonte: JA