A aposta em quantidades consideráveis da produção de arroz já atingiu 850 toneladas, no corrente ano, nas terras férteis do canal de irrigação do município da Matala, localizado 20 quilómetros a leste da capital huilana, Lubango.
O director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado da Matala, Tomás Musaki, que avançou os dados ao Jornal de Angola, fez ainda saber que a produção do grão está a acautelar a qualidade exigida não só no mercado interno, como também na praça internacional.
A produção de arroz, referiu, constitui a mascote da Feira dos Municípios e Cidades de Angola (FMCA), cujo propósito é apresentar ao mercado nacional, sobretudo, do actual desenvolvimento do projecto, assim como despertar a atenção de outros produtores a apostarem no cultivo do cereal.
“O foco de momento é que as actuais quantidades colhidas tenham aceitação no mercado local e nacional, condições necessárias para a redução das importações”, considerou, realçando que, com estes resultados positivos, vão estar criadas as condições para o aumento da produção com a qualidade exigida na praça internacional.
Tomás Musaki sublinhou o registo de êxito na lavoura do novo produto a nível da província, que deve despertar a atenção de outros agricultores para se massificar o cultivo noutros pontos da Huíla.
A empresa chinesa Olonga Agronegócio está a explorar cerca de 114 hectares com condições criadas para irrigação por inundação e aspersão, de acordo com as regras de cultivo de arroz. “A área de produção pode aumentar caso os resultados da venda sejam convincentes”, disse.
Ao referir-se às vendas das quantidades colhidas, o agrónomo Tomás Musaki explicou que o escoamento ainda não começou, por estarem, neste momento, na fase de descasque de toda a produção, selecção, colocação em recipientes de 50 Kg e armazenamento.
O director anunciou estar em curso, numa fase experimental, a produção de tabaco em quantidades consideráveis, num espaço acima de 70 hectares, assim como milho, onde a Olonga Agronegócio, instalada no município da Matala em 2014, já antevê o aumento dos espaços face aos resultados animadores atingidos.
A empresa já empregou 1.100 jovens formados em várias especialidades do sector Agrário, com realce para agrónomos e nativos dedicados à lavoura. “À medida que começarem as vendas em quantidades e os lucros resultantes da comercialização serem satisfatórios abre-se caminho para novas admissões”, declarou.
Tabaco para os locais
A empresa Olonga Agronegócio tornou-se no principal fornecedor de tabaco da fábrica de cigarros do Lubango, fazendo com que os cigarros produzidos tenham mais qualidade, pelo facto da matéria-prima ser local. “Estão agora mais acessíveis os preços do tabaco e com melhor qualidade, pelo facto da matéria-prima ser local”, apontou o gestor.
Tomás Musaki defendeu que a Feira dos Municípios e Cidades de Angola representa para os produtores do município da Matala o espaço apropriado para apresentar as novidades do sector, trocar experiências com os demais produtores de vários pontos do país e estabelecer parcerias para o desenvolvimento do sector produtivo.
“Deparámo-nos no certame com feirantes que duvidaram da produção do arroz e tabaco em quantidades no município da Matala”, contou, antes de enfatizar que houve quem chegou a pensar que o produto era importado.
“Aproveitamos também a feira, que reúne dezenas de produtores nacionais, para convidar qualquer um a visitar os arrozais da Matala, de modo a terem a oportunidade de certificar que há muita produção de arroz e tabaco, além do milho, hortofrutícolas, massambala, batata-rena e doce.
Estado do canal
O director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado da Matala, Tomás Musaki, apelou às autoridades a reabilitarem os 20 quilómetros do canal de irrigação da Matala, que faltavam aquando da reparação dos 22 quilómetros, de modo a torná-lo totalmente disponível para servir a lavoura em todas as épocas do ano.
“Os actuais 20 quilómetros do canal degradado fazem com que quantidades consideráveis de água do rio Cunene se percam, facto preocupante se se tiver em conta que a dispersão em nada favorece ao aumento da produção agrícola na circunscrição”, sublinhou Tomás Musaki.
O canal de irrigação possui 42 quilómetros e só foram reabilitados 22 quilómetros, o que faz com que haja uma parte do canal em que a água se está a perder. “Reabilitar a parte do canal pode criar condições para o aumento da produção de diversos produtos agrícolas e promover o cultivo à escala industrial”, acrescentou o director do Gabinete de Desenvolvimento Económico Integrado da Matala.
A empresa chinesa, que assumiu o projecto, já apostou em novas máquinas para modernizar o descasque, selecção, embalagem e continua empenhada em capacitar regularmente o pessoal em todo o processo, que envolve produção, colheita e armazenamento. O administrador municipal da Matala, Miguel Vicente, destacou o estudo de solos que certificaram a qualidade para evitar que se desenvolvesse a produção sem conhceimento de causa: “O perímetro da Matala possui vários silos para a conservação de cereais com a qualidade desejada”.
Fonte: Jornal de Angola
Sign in to your account