Economia e Finanças

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Economia

Contratar pessoas para o mercado de trabalho é 2ª maior “maka” dos empresários

Quando estive presente na instalações da Rádio Nova para um debate sobre o tema: “Organização empresarial para o exercício económico de 2023”, com ilustres colegas no tal fórum, tive uma frase que ficou a fazer «comichão» e ficou… a frase foi: “um dos grandes problemas para os empresários é encontrar pessoas para trabalhar”. E este é o tema desta minha crónica.

Contratar pessoas é um problema no nosso país? Eu, como empresário com sentido realista, afirmo assertivamente que sim. O país tem mais de 10 milhões de pessoas na economia informal, isto é, na venda ambulante, nos «biscates», num sistema económico sem garantias, sem segurança, sem contratos de trabalho, sem contribuições para a Segurança Social, enfim, sem um futuro promissor. Além disso, Angola «sofre» de um desemprego alargado e de longa duração, na medida em que o emprego criado nos últimos dez anos, pelo menos, não suplantou os 3 milhões de empregos, número bem distante dos novos cidadãos que nasceram depois do ano de 2000, levando a população a multiplicar-se várias vezes. A título de exemplo, de 2014 (foi feito o 1º Censo Populacional desde a independência do país em 1975), eramos cerca de 24 milhões de habitantes. Em 2022, estima-se que sejamos 33 milhões e até 2030 possamos ser cerca de 40 milhões. Cerca de 80% da população tem até 30 anos de idade. Aqui como em todo o mundo, o desemprego jovem é sempre o mais penalizado por conta da sua inexistente ou reduzida experiência profissional e é aqui que vou centrar a minha reflexão.

De uma população activa de 15 milhões de cidadãos angolanos, 10 estão na economia informal, cerca de 30% estão desempregados. Muitos estão empregues sob a forma de subemprego (pessoas academica e profissionalmente preparadas para ter uma função económica na sociedade, por exemplo, um conjunto de pessoas estudaram para ser contabilistas e trabalham como operadores de caixa num supermercado). Outros estão insastisfeitos(as) onde trabalham.

Com estas estatísticas deveríamos ter um mercado oferta de trabalhadores para trabalhar e haver a satisfação entre a procura de colaboradores pelas empresas e a tal oferta por parte dos trabalhadores, mas o que se sucede é que muitas vezes há um «divórcio» muito grande entre as duas partes. Por quê? Na minha opinião tem a ver com débil preparação das pessoas disponíveis para trabalhar. Percebe-se essas debilidades logo nos Curriculum Vitae (CV) com erros ortográficos, má organização do documento, quando algumas vezes e não tão poucas, percebe-se que há declarações falsas no CV. Nas fases de entrevistas, os candidatos não estão preparados e aos que lhes é dada a oportunidade para trabalhar, o período experimental é fundamental. Este período para ambas as partes conhecerem-se e saberem se este «casamento» é para perdurar. Há debilidade na preparação teórica, prática, há comportamentos disruptivos e o que acontece do lado dos empresários e gestores é entenderem que mais uma vez vão ter que recomeçar o processo de selecção e recrutamento, com tempo consumido, recursos humanos e financeiros envolvidos.

Quem é dono de empresas sabe que contratar pessoas é um grave problema. Considero que este é o segundo maior problema dos empresários, depois do problema da liquidez. Quero com este artigo chamar a atenção de quem procura emprego, mudar de emprego, estude, prepare-se, assista a vídeos no You Tube sobre como prepara-se para elaborar bem o seu CV, para a fase de entrevistas com ou sem testes psicotécnicos, como saber gerir a ansiedade do primeiro dia de trabalho, gerir as emoções e o foco para saber lidar bem com o período experimental.

Os empresários, os gestores querem o sucesso das suas organizações. Só há organizações com pessoas, mas as empresas precisam de ter funcionários engajados, comprometidos, activos, disponíveis, flexíveis, dinâmicos e actualizados. Tudo isto tem um papel muito importante no sucesso material e imaterial das empresas.

Daniel Sapateiro – Economista

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