O banco polaco detido pelo BCP em 50,1%, passou de prejuízos a lucros de 358 milhões de zlotys (77,3 milhões de euros) no semestre.

O Bank Millennium, banco polaco detido pelo Banco Comercial Português (BCP) em 50,1%, apresentou lucros de 358 milhões de zlotys (77,3 milhões de euros)  no primeiro semestre deste ano, um valor que compara com prejuízos de 263 milhões de zlotys (-56,7 milhões de euros) do período homólogo.

No segundo trimestre de 2023, “os resultados do Bank Millennium mantiveram-se condicionados pelos encargos relacionados com a carteira de créditos hipotecários denominados em francos suíços que totalizaram 808 milhões de zlotys antes de impostos (174,5 milhões de euros) e que incluíram, a aplicação de ajustamentos mais conservadores ao modelo de provisionamento decorrentes da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia”, explica o banco.

O banco polaco do BCP acumula assim três trimestre de resultados positivos, com o segundo trimestre de 2023 a ser também de lucros depois de um longo histórico de prejuízos graças às provisões para risco de litigância  associado aos créditos hipotecários concedidos no passado em francos suíços.

O resultado ajustado de itens específicos (nomeadamente da carteira de créditos hipotecários denominados em francos suíços e do proveito associado à venda da participação de 80% da Millennium Financial Services, no âmbito da parceria estratégica na área de bancassurance) aumentou 53% para 949 milhões de zlotys (312,7 milhões de euros) face aos 1.448 milhões de zlotys (204,9 milhões de euros) do primeiro semestre do ano passado, de acordo com o comunicado enviado à Comissão de Valores do Mercado Mobiliário.

A margem financeira cresceu 21% no primeiro semestre deste ano quando comparado com o semestre homólogo e subiu 6% no último trimestre. Por sua vez, as comissões líquidas diminuíram 5% em termos homólogos, mas cresceram 1% no segundo trimestre.

Já os custos operacionais desceram 17% no primeiro semestre e 14% no trimestre.

Ainda assim, quando excluídos os custos regulatórios, como a contribuição para o fundo de resolução do BFG (Bank Guarantee Fund) e a contribuição para o IPS – Fundo de Proteção Institucional), os custos operacionais aumentaram 15% em termos homólogos e 8% no semestre.

No que se refere à qualidade dos ativos e à liquidez, o Millennium Bank reporta um rácio de crédito com imparidade (Stage 3) de 4,5%.

O custo do risco de crédito – rácio entre a imparidade do crédito, líquida de reversões do período e o saldo médio do crédito a clientes – fixou-se em 45 pontos base (0,45%) no primeiro semestre.

Já o rácio de transformação de depósitos em crédito (Loans-to-deposits) foi de 74%, revelando liquidez confortável.

O Rácio de Capital Total (TCR) do Grupo é de 14,77% e o rácio T1 (fundos próprio core) é de 11,69%, ambos acima dos requisitos regulamentares (incluindo o pillar 2 – P2R) de 12,7% e 10,2%, respetivamente.

Olhando para o balanço, o Millennium Bank reporta mais de 2,95 milhões de clientes ativos, o que representa um aumento de 144 mil face a junho de 2022.

Os empréstimos de particulares diminuíram 6% em termos homólogos (+0,3%, excluindo créditos denominados em moeda estrangeira). “A nova produção de cash loans no semestre foi de 3,16 mil milhões de zlotys (0,7 mil milhões de euros)”, o que traduz um aumento de 25% em termos homólogos e de 8% no trimestre.

Em junho de 2023, a quota de mercado de nova produção de crédito à habitação situou-se 10,1% e a quota de mercado da nova produção de cash loans em 10,8% nos clientes empresariais, revela o banco. Houve uma redução de 8% do crédito a empresas, face ao mesmo período do ano passado.

Os depósitos de retalho aumentaram 10% face ao período homólogo.

O banco revela uma redução de 7% dos depósitos de empresas face ao período homólogo. Bem como uma queda de 12% do volume de negócio de factoring e um recuo de 2% do volume de negócio de leasing, em termos homólogos.

Os resultados positivos do banco polaco ajudam os números do BCP que apresenta resultados amanhã, quinta-feira, após o fecho do mercado.

Fonte: Jornal Económico