A chefe de missão do Fundo Monetário para Portugal defende que o país deve aproveitar o ganho extra para reduzir a dívida pública e não tanto os impostos, mantendo, no futuro, o nível de investimento do Estado porque que os fundos da bazuca vão acabar, lembra.
A responsável do FMI por acompanhar a economia portuguesa reconhece um peso “excessivo da tributação sobre os salários mais baixos”, mas defende que as folgas orçamentais que o Governo conseguir devem ser direcionadas para a redução da dívida pública.
Em entrevista ao jornal Público, Rupa Duttagupta reconhece que a carga fiscal é alta sobre os rendimentos mais baixos, mas avisa que devolver folgas orçamentais decorrentes de uma receita mais elevada que o previsto poderá ter efeitos perversos. “Reencaminhar os ganhos orçamentais de volta para a economia levaria a uma política orçamental que não está em linha com a política monetária”, refere, sublinhado que “a procura tem sido forte na economia e alguma moderação é importante para a inflação começar a cair.” “Afinal de contas”, lembra, “a inflação é o imposto mais regressivo que existe.”
Questionada sobre o que fazer com um resultado orçamental melhor que o esperado, Duttagupta refere que “é melhor usar isso para trazer ainda mais a dívida para baixo”, referindo que “se se fizer isso, ganha-se espaço para, quando os fundos europeus do PRR acabarem, conseguir manter o investimento público a níveis elevados, o que é muito importante para garantir uma economia forte no futuro.”
No ano passado, a dívida pública desceu para 113,9% do PIB, uma queda de 11,5 pontos percentuais face aos 125,4% de 2021.
Fonte: Jornal Económico