O crédito classificado em stage 3 (em situação de imparidade) pesa 5% do total da carteira, ao ser de 1,3 mil milhões de euros. Sendo que 45% deste valor está coberto pelo Mecanismo de Capitalização Contingente do Fundo de Resolução (CCA), revela o Novobanco.
O Novobanco tem vindo a melhorar o rácio de crédito em incumprimento tendo fechado as contas do primeiro semestre com um rácio de Non Performing Loans (NPL) de 4,4% cumprindo o guidance que o banco liderado por Mark Bourke se tinha proposto para 2023.
“Os créditos não produtivos (NPL) continuam a apresentar uma tendência favorável, com redução de 8% face a dezembro de 2022 e 2% face março deste ano, reduzindo para 1.269 milhões de euros. O rácio líquido de NPL situou-se em 0,9% (rácio de NPL de 4,4% com rácio de cobertura de 80,0%, superior à média europeia)”, lê-se na apresentação que o banco fez a analistas na passada sexta-feira.
No entanto, o mesmo documento revela que o crédito classificado em stage 3 (em situação de imparidade) pesa 5% do total da carteira, ao ser de 1,3 mil milhões de euros. Sendo que 45% deste valor está coberto pelo Mecanismo de Capitalização Contingente do Fundo de Resolução (CCA), revela o Novobanco. Isto é, 585 milhões de euros de crédito com imparidades está coberto pelo Fundo de Resolução, sendo que o montante não utilizado do mecanismo é de apenas 485 milhões de euros (o limite era de 3,89 mil milhões de euros).
O Novobanco detalha que destes 1,3 mil milhões de crédito com imparidades (stage 3), há 74% que são de grandes devedores (os chamados Single Names) e 26% são créditos NPL granulares (de vários pequenos devedores).
Em declarações ao Dinheiro Vivo, o CEO do banco disse no entanto, que a economia portuguesa está num bom momento e que não vê “qualquer eventualidade” de o banco vir a pedir mais dinheiro ao abrigo do mecanismo de capital contingente.
O crédito classificado em Stage 3 tem uma cobertura de 110% entre imparidades, colateral e backstop, adianta ainda o banco.
O Novobanco lembra que, conforme acordado em Outubro de 2017, no processo de venda do Novobanco à Lone Star, foi celebrado um Acordo de Capital Contingente (CCA) entre o Fundo de Resolução e o banco.
O Novobanco considera que os montantes não pagos relativos ao ano de 2020 e 2021 são devidos ao banco ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente, estando a despoletar os mecanismos legais e contratuais à sua disposição no sentido de assegurar o recebimento dos mesmos.
Persistem divergências pendentes entre o Novobanco e o Fundo de Resolução. No que respeita ao valor solicitado ao Fundo de Resolução relativo ao exercício de 2020, subsistem duas divergências relativamente à provisão para operações descontinuadas em Espanha e à valorização de unidades de participação dos Fundos de Reestruturação, que estão a ser dirimidas num processo arbitral em curso, no âmbito do qual está ainda a ser apreciada a divergência relativa à aplicação pelo Novobanco, no final de 2020, da opção dinâmica do regime transitório da IFRS 9.
A chamada de capital ao abrigo do CCA em 2020 não foi paga e soma 165 milhões de euros.
Já a chamada de capital ao abrigo do CCA não paga em 2021 soma 209 milhões de euros.
“Até um montante adicional de 485 milhões de euros permanece disponível para perdas reconhecidas numa carteira predefinida de ativos (Ativos CCA) e outras perdas cobertas pela CCA (as Perdas CCA), caso o rácio CET1 diminua abaixo de 12%”, refere o Novobanco.
De salientar que no primeiro semestre deste ano o banco reporta que construiu uma forte posição de capital regulatório, rácio CET1 (fully loaded) de 15,1%, aumentando em cerca de 200 bps no 1º semestre deste ano. Sendo que nenhum dos montantes não pagos pelo Fundo de Resolução ao abrigo do Mecanismo de Capitalização Contingente foi considerado no cálculo de capital regulamentar.
O mecanismo está em vigor até 25 de dezembro, data de vencimento essa que pode ser prorrogada, sob certas condições, por mais um ano, refere o Novobanco.
O banco reportou ainda nos números do primeiro semestre uma diminuição da exposição ao sector imobiliário para 583 milhões de euros (-5% nos seis meses), com os 20 melhores activos a representarem 70% da carteira. Destes 583 milhões de imóveis, 103 milhões de euros é o valor dos imóveis recebidos por dação em cumprimento.
O Novobanco viu as imparidades para crédito subirem 148% num ano, de 19,3 milhões de euros para 47,9 milhões.
O banco diz que regista “provisões abaixo da taxa de execução, refletindo um ambiente económico benigno no primeiro semestre, sem indicadores precoces de deterioração da qualidade dos activos”.
O Grupo Novobanco registou no primeiro semestre de 2023 “um reforço de imparidades e provisões no montante de 56 milhões, sendo a sua quase totalidade para crédito a clientes e títulos, apresentando estes dois agregados uma ligeira redução face ao 1º semestre do ano passado (-4,4 milhões)”, lê-se no comunicado.
O custo do risco melhorou de 0,40% em Junho de 2022 para 0,38% em Junho deste ano.
O banco revela uma queda do peso do crédito que estava classificado em stage 1 (performing) e stage 2 (em risco) para stage 3 (em incumprimento), que no 1º semestre pesou 0,4% do total da carteira, quando no fim do ano pesava 1,1%.
Desde janeiro, as novas entradas de crédito em malparado no Novobanco somaram 96 milhões de euros. Mas as curas e recuperações foram de 118 milhões de euros. O banco fala em formação líquida de NPL (non performing loans) no acumulado do ano de menos 21 milhões de euros e numa redução recente de NPL beneficiando da venda de carteiras, “sendo cumulativo em termos de capital e demonstrando a adequação da cobertura de NPL”.
Fonte: Jornal Económico
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