Segundo o INE, ganho total – incluindo subsídios sazonais – seguia a crescer 7,4%, para 1.355 euros. Setor privado regista ganhos reais, mas na função pública salário médio enfrenta perda de valor de 2,5%.
O valor da remuneração média nacional acelerou no primeiro trimestre deste ano, com as perdas reais dos rendimentos do trabalho a reduzirem-se significativamente, avança nesta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Face ao período homólogo do ano passado, a remuneração média total – que inclui subsídios de férias e de Natal – seguia a crescer em termos nominais em 7,4%, atingindo os 1.355 euros brutos. Face à evolução da inflação no mesmo período, a perda de valor real no vencimento médio da economia terá ficado em 0,6%.
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Os dados do INE, que têm por base 4,5 milhões de postos de trabalho e o volume global de remunerações declaradas à Segurança Social e à Caixa Geral de Aposentações, surgem em linha com aqueles que têm vindo a ser os valores avançados pelo Governo para a evolução dos salários no arranque deste ano.
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Os dados de início de ano, principal período para atualizações salariais, são significativamente mais favoráveis que os do trimestre final de 2022, período em que o salário médio nacional subia 4,2% e acumulava uma perda real de 5,2%.
O INE calcula também as médias nacionais para o salário mensal habitual, que exclui subsídios, e salário-base. Na remuneração média regular, o crescimento face ao primeiro trimestre do ano passado é de 7,3%, no que também corresponde a uma perda real de 0,6% durante o mesmo período. O valor médio alcançou os 1.211 euros.
Já o salário base médio avançou ligeiramente mais, 7,6%, regredindo em termos reais 0,4%. O valor médio correspondeu a 1.138 euros nos primeiros três meses do ano.
Função pública segue a perder 2,5%
Mas as médias para a economia total omitem uma divergência no comportamento entre remunerações do sector privado e do sector público, com o INE a destacar que apenas fora das administrações públicas há registo de algum ganho real. Pelo contrário, a função pública enfrenta no arranque do ano uma desvalorização real de rendimentos de 2,5%.
Nas remunerações pagas pelas administrações públicas, a média salarial total conheceu no último ano uma subida de 5,4% em termos nominais, para 1.766 euros brutos, bastante longe de acompanhar o aumento do custo de vida, no que se traduz na referida perda de 2,5%.
Retirando componentes sazonais de retribuição, a subida foi de 5% para 1.670 euros de salário médio habitual com uma perda real estimada em 2,8%.
No salário base, a melhoria nominal foi de 5,4%, para 1.579 euros brutos, no que resultou numa diminuição real de 2,4%.
Já a média salarial da globalidade do sector privado conhece alguma melhoria efetiva, ainda que muito ligeira, com o INE a estimar um ganho real de 0,3% na remuneração média total após um avanço nominal de 8,3% no período de um ano. A média salarial no sector privado atinge os 1.274 euros brutos.
Sem subsídios, a média das remunerações pagas pelo sector privado cresceu 8,5% para 1.119 euros, com a perda real estimada em 0,5%.
Novamente, o salário base conhece uma evolução ligeiramente melhor, avançando 8,8% em termos nominais para 1.051 euros e aumentando no seu valor real em 0,7% face à evolução de preços do último ano.
Ainda assim, observam-se também discrepâncias significativas por sectores de atividade da economia, com mais de metade deles a registarem variações negativas nas médias salariais em termos reais, segundo faz notar o INE.
Entre as perdas mais acentuadas estão as dos trabalhadores de bancos e seguradoras, com uma desvalorização real na média salarial total de 3,6%, os trabalhadores da agricultura e pesca (perda de 3%) e das artes e espetáculos (menos 2,9%).
Em sentido contrário, os maiores ganhos reais vão para a média salarial total nos organismos internacionais sediados em Portugal (mais 4,8%), no sector da energia (3,9%) e alojamento e restauração, que conhece um ganho real de 1,9%.
Apesar da evolução bastante favorável nas remunerações do sector do turismo, a média salarial total mantém-se a segunda mais baixa da economia, a seguir à da agricultura, nos 793 euros brutos (incluindo subsídios de férias e de Natal).
Fonte: Jornal de Negócios
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